Em meio ao caos no atendimento emergencial devido ao surto de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) Viral, a Prefeitura de Campo Grande reforçou recomendação para que pessoas com sintomas gripais façam uso de máscaras de proteção.

“Diante da situação de emergência sanitária, há um reforço na recomendação para que as pessoas que estejam com sintomas gripais façam o uso do equipamento de proteção individual. A mesma recomendação é válida para as demais medidas não farmacológicas, como a higienização adequada das mãos, seja com água e sabão ou álcool em gel, e evitar aglomerações em caso de sintomas”, traz trecho de nota enviada pela prefeitura.

Contudo, a comunicação também afirma que, até o momento, não há nenhuma orientação quanto à obrigatoriedade do uso do EPI (Equipamento de Proteção Individual), aos moldes da pandemia de Covid-19. Naquela época, por exemplo, uso de máscaras de proteção era requisito para andar de ônibus.

A comunicação também afirma que suspensão de atividades coletivas de convívio social também não está, até o momento, em análise pelas autoridades em saúde no município. Em outra nota enviada pela Semed (Secretaria Municipal de Educação) também nesta quinta-feira, a pasta afirma que “já passou as devidas orientações para as unidades escolares através de comunicação interna, bem como informativo através das redes sociais, reforçando assim todos os protocolos de biossegurança”.

Surto de SRAG e uso de máscaras

Há diversas razões para esta situação caótica na Capital de Mato Grosso do Sul: desde a cultura de “fechar a janela” quando bate uma brisa mais fresca – o que aumenta a concentração viral em ambientes fechados -, à baixíssima imunização contra a influenza em Campo Grande, que até a semana passada era de apenas 14% do público-alvo. Nesta semana, o município abriu a vacinação para todos acima de 6 meses.

A sobrecarga nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) de Campo Grande é tanta que houve até especulação sobre a possibilidade de suspender as aulas. Mas, depois de mais de três anos imersos numa pandemia, extremamente recente, seria essa a melhor solução?

O médico Marcelo Santana Silveira afirma que uso de máscaras, higienização e vacina formam o “combo” capaz de conter o avanço de viroses. Santana também recomenda que pessoas com sintomas respiratórios devem ficar isoladas em casa.

“O uso de máscaras, principalmente no transporte coletivo, já reduz bastante o risco de contaminação. Isso, inclusive, mesmo antes da pandemia de Covid, já era tradicional em países asiáticos. Mas, mais importante é a questão da vacinação, é primordial. A gente consegue fazer um controle efetivo das pandemias, principalmente quando a gente adota uma imunização grande na população. E foi o que ocorreu na Covid: quando uma parte maior da população estava imunizada, vimos a situação melhorar”, destaca.

uso de máscaras

Prefeitura decretou emergência de saúde

Na última terça-feira (30 de abril), a Prefeitura de Campo Grande decretou situação de emergência em saúde em decorrência do surto de SRAG. Com isso, o objetivo era agilizar a negociação de abertura de novos leitos, principalmente pediátricos.

O cenário é menos grave do que 2023. Mas, há aumento nos casos de internação de crianças e também o tempo de internação maior. Até a manhã desta quinta-feira, 29 crianças aguardavam na fila por uma vaga em UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

“Em quantidade da SRAG, no ano passado foram 1.400. Esse ano são mil. Porém o tempo de internação desses nossos pacientes está chegando de 10 a 15 dias. O que isso significa que não há um giro de leito. O paciente interna e a gente não consegue colocar outro”, explica a titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Rosana Leite.

Centro de Operações foi criado para monitorar surto de SRAG

Diante da situação, o município instituiu o COE-SRAG (Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública) de Síndrome Respiratória Aguda Grave Viral. A decisão reativa mecanismo para a gestão coordenada da resposta à situação epidemiológica de Campo Grande.

O centro tem representes das seguintes instituições: projeto TEIAS/ Fiocruz em MS, COSEMS, SES/MS, Ministério da Saúde, um representante de cada hospital da rede de assistência pública e privada da saúde suplementar, Ministério Público Estadual e Defensoria Pública.

O COE-SRAG fica responsável por planejar, organizar, coordenar e controlar as medidas a serem empregadas durante a resposta, articular com a rede própria e contratualizada do SUS, encaminhar relatórios técnicos sobre a situação epidemiológica e divulgar à população informações sobre as ações tomadas.