O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) abriu na segunda (26/7) chamada pública para a contratação emergencial de usinas térmicas sem contrato para ajudar a poupar água nos reservatórios das hidrelétricas brasileiras.

A chamada é direcionada a geradores que não têm contrato de venda de energia, com o objetivo de adicionar nova capacidade ao sistema.

Os contratos terão prazo de até seis meses, prorrogáveis por mais 30 dias para o consumo de eventuais sobras de combustíveis. As regras para a contratação foram publicadas pelo governo na sexta (23/7).

Em comunicado divulgado nesta segunda, o ONS pede que eventuais interessados informem a capacidade disponível, o custo de geração e os prazos contratuais desejados.

Para se habilitar, as usinas precisam respeitar alguns requisitos, como a possibilidade de modular a geração e de ter medição da CCEE (Câmara Comercializadora de Energia Elétrica), além de não terem contratos de entrega de energia atualmente.

A contratação emergencial de capacidade de geração é uma das prioridades entre as medidas já anunciadas pela Creg (Câmara de Regras Operacionais de Gestão da Crise Hidroenergética), grupo liderado pelo MME (Ministério de Minas e Energia) para enfrentar a crise.

No mercado, a expectativa é que sejam contratadas principalmente usinas a biomassa, que usam como combustível resíduos vegetais, como bagaço de cana e madeira. Há grande preocupação com relação aos custos dessa geração, que podem pressionar ainda mais a conta de luz.

Na última quinta (22), o ONS acendeu um novo alerta com uma nota técnica sobre os desafios frente ao cenário de grave crise hídrica nos reservatórios de hidrelétricas, sinalizando que a capacidade de geração de energia no país poderá ser levada ao seu limite.

Apesar de não ver ainda riscos de desabastecimento, o operador indica que as “sobras” de potência -necessárias para atender eventuais picos de demanda ou garantir a estabilidade do sistema mesmo em casos de falhas eventuais na oferta- poderão se esgotar no penúltimo mês do ano.

O sinal vermelho foi ligado após o órgão elevar a previsão de carga e considerar uma menor e mais “realista” disponibilidade térmica para atender a demanda de energia, conforme nota técnica publicada pelo operador do sistema.

O governo vem repetindo que não há risco de racionamento no país, mas é grande a preocupação com o atendimento nos horários de pico, quando a demanda dispara pelo maior uso de aparelhos com grande consumo, como ar condicionado ou chuveiros elétricos.

Para evitar o risco, o ONS também pediu aos geradores brasileiros que adiem paradas para manutenção em usinas previstas para o segundo semestre.

As paradas técnicas devem ser adiadas o máximo possível, pelo menos até o início do período chuvoso que começa no próximo mês de novembro.

Em outra frente, a Creg flexibilizou restrições a vazões de bacias hidrográficas importantes para a capacidade de geração de energia no país, com o objetivo de gerenciar melhor os reservatórios nas usinas hidrelétricas.

Nesta segunda, os reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, consideradas a principal caixa d’água do setor elétrico brasileiro estavam com menos de 28% de sua capacidade de armazenamento de energia.

Fonte: FOLHAPRESS