Pelo segundo ano consecutivo, Campo Grande faz parte da rede Tree Cities of the World, das cidades mais arborizadas do mundo, título criado para reconhecer quem se compromete a cultivar e a manter florestas urbanas.
Além de reduzir os custos de energia, o cultivo melhora o gerenciamento de águas pluviais e controla erosões, e a publicidade positiva da rede é usada para incentivar a preservação ambiental.
O projeto é de autoria de uma das maiores organizações sem fins lucrativos dedicada ao plantio de árvores do mundo, a Arbor Day Foundation, e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Neste ano, a capital sul-mato-grossense representou o País junto a mais duas cidades, São Carlos e São José dos Campos, ambas em São Paulo.
Os municípios dividem o título com cidades como Nova Iorque, São Francisco, Milão, Guadalajara e Madri. Só em 2020, as 120 Tree Cities of The World reconhecidas pelo programa plantaram 2.372.299 árvores e foram responsáveis por 618.442 horas de trabalho voluntário.
De acordo com o projeto, entre os benefícios de ser uma cidade sustentável, está o aumento de 7% a 20% dos valores das propriedades, pois edifícios em áreas arborizadas são alugados mais rapidamente e os inquilinos permanecem mais tempo.
O secretário municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur), Luís Eduardo Costa, relatou que foi necessário um conjunto de ações para Campo Grande receber o título, que envolve desde legislação municipal e manejo e preservação das espécies até ações voltadas à educação ambiental.
“Nossas ações são permanentes, atuamos no manejo da arborização, na preservação das áreas de proteção dos nossos mananciais e córregos, no monitoramento do descarte dos resíduos e na promoção de plantios de árvores”, declarou Costa.
“Portanto, os resultados colhidos não poderiam ser diferentes: trabalhamos dia após dia para um desenvolvimento sustentável que resulte em qualidade de vida para a nossa população”, acrescentou.
São cinco requisitos necessários para integrar a rede Tree Cities of the World:
- ter setor específico responsável pela arborização;
- ter políticas públicas e jurisdição para a proteção e a manutenção de floresta urbana;
- realizar inventários, estudos e planos em longo prazo para implantação e manejo de arborização;
- investir orçamento anual para o manejo arbóreo;
- realizar, pelo menos uma vez no ano, celebração do Dia da Árvore, para conscientização da população.
A superintendente de Fiscalização e Gestão Ambiental da Semadur, auditora fiscal de carreira e mestre em Ecologia e Conservação, Gisseli Giraldelli, explicou que é necessário se candidatar anualmente e que o município pretende se manter como exemplo de preservação.
“Porque a gente precisa muito melhorar as questões das florestas urbanas em todo o mundo, principalmente, por causa das mudanças climáticas. É um dos compromissos para melhorar o conforto térmico, para melhorar a qualidade de vida das pessoas e tornar a cidade sustentável. A gente depende muito das nossas florestas urbanas para a continuidade da vida”, disse.
As áreas de preservação ambiental em Campo Grande são chamadas de Zonas Especiais de Interesse Ambiental (Zeias).
De acordo com a Semadur, 20% da cidade é composto por Zeias. Elas são delineadas pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental (PDDUA), que as define como partes do território com características naturais relevantes, em que a proteção da natureza é o principal objetivo.
Elas ficam localizadas, principalmente, no entorno de nascentes, lagos, lagoas e cursos d’água, como a Área de Proteção Ambiental (APA) do Lageado.
Contudo, o conceito de florestas urbanas, usado pelo projeto para avaliar as cidades, vai além dessas áreas de matas e vegetação nativas e considera também praças, bosques, arborização de vias públicas, regiões centrais e até quintais das casas.
Um dos principais desafios é impedir que o desenvolvimento urbano danifique a biodiversidade em seu processo de crescimento. Giraldelli relata que as legislações são fundamentais para que isso não aconteça.
“Quando há, por exemplo, uma necessidade de suprimir alguma vegetação para implementar um empreendimento, isso só acontece mediante ações compensatórias. Então, um empreendimento com a necessidade de corte de árvores precisa replantar o que desmatou. Para cada árvore removida, são 30 novas que eles devem plantar”, ressaltou.
Também é possível reverter o dinheiro para outras ações voltadas diretamente à manutenção das florestas urbanas.
Todas as ações precisam ser comprovadas e enviadas para a Arbor Day Foundation a cada ano
Fonte: Correio do Estado
Foto: Bruno Henrique / Correio do Estado