Noventa por cento dos norte-americanos dizem que a Internet foi essencial para eles durante a pandemia. De fato, tarefas básicas do dia a dia, como comprar mantimentos, conectar-se com a família e fazer negócios, passaram a depender de meios digitais. A pandemia estimulou e acelerou a adoção do digital, e as consequências disso continuarão a permear todos os setores por muitos anos – e o marketing não é exceção.

As maiores vitórias e os maiores fracassos das marcas não acontecerão nos comerciais tradicionais. Acontecerão no TikTok, no Instagram, nos esportes eletrônicos e nos alto-falantes inteligentes. As recomendações nas quais os consumidores mais confiarão não virão de celebridades em infomerciais. Virão de nanoinfluenciadores no Stories, no Reels e no Shorts.

As marcas, empregadores e usuários mais inteligentes navegarão por 2022 usando a mentalidade do “digital em primeiro lugar”, com foco no monitoramento e na ativação destas tendências principais:

Realidade Aumentada e Realidade Virtual
A realidade virtual e a realidade aumentada eram tendências crescentes antes da pandemia, mas a quarentena, o trabalho remoto e a vida pré e pós-pandemia aceleraram sua adoção. Quer mais argumentos? A controladora da maior rede social do mundo, o Facebook, mudou recentemente seu nome para Meta. É uma abreviação de metaverso, um mundo virtual onde as pessoas convivem socialmente.

O metaverso além do Facebook
O metaverso não é um conceito novo, nem é exclusivo do Facebook. Em março, a Microsoft anunciou a Mesh, uma nova plataforma de realidade mista que permite que pessoas em lugares diferentes colaborem e compartilhem experiências holográficas em diversos aparelhos.
As tendências da realidade virtual e da realidade aumentada vão além das grandes empresas de tecnologia. Marcas de consumo como Sephora e Warby Parker adotaram a realidade aumentada anos atrás para tornar as compras online mais experienciais e eficientes. No entanto, a grande aposta do Facebook no metaverso dá a este um novo peso e impulso.

Buscas por Voz
Os alto-falantes inteligentes registraram um crescimento recorde em 2020, com mais de 150 milhões de unidades vendidas no mundo todo. As buscas por voz devem continuar crescendo nos próximos anos. Por quê? Os motivos principais são intuitivos: elas são fáceis e liberam as mãos. Setenta e um por cento dos consumidores preferem as buscas por voz às buscas por digitação. As compras por voz devem atingir US$ 40 bilhões em 2022 e, em 2024, haverá 8,4 bilhões desses aparelhos no mundo todo, segundo estimativas.

Admite-se que existem limitações tecnológicas nas buscas por voz, que dependem do Processamento de Linguagem Natural, mas, mesmo assim, o reconhecimento de voz do Google tem um índice de precisão de 95% para buscas em inglês. As buscas por voz do Google também apresentam um enorme alcance global, com suporte a mais de 100 idiomas. Para vencer nas buscas por voz, a próxima fase transcenderá as habilidades básicas nos alto-falantes e envolverá todo o conteúdo digital. Em 2022, empresas e marcas que otimizarem seu site e conteúdo para busca por voz vão direcionar mais tráfego para o site e melhorar sua classificação de SEO.

Esportes Eletrônicos (eSports)
Até o final de 2021, o público mundial de eSports deve chegar a 474 milhões de usuários, e o faturamento a quase US$ 1,1 bilhão. Os eSports estão em alta, mas ainda se encontram em seu estágio inicial, o que representa uma ótima oportunidade para quem os entender bem. Com a mudança das regulamentações dos eventos esportivos presenciais e lugares de grande porte relacionadas à pandemia, 2022 poderá ser o ano em que os eSports e os respectivos patrocínios se popularizarão.

Pagamento Digital
Quanto mais tempo os usuários passam no digital, mais dinheiro eles gastam no digital. Os pagamentos de pessoa a pessoa já apresentavam um crescimento promissor antes da pandemia, e a COVID-19 estimulou e acelerou essa tendência. Em 2020, o volume de pagamentos do PayPal atingiu um crescimento recorde de 31%, e isso não diminuirá tão cedo. A empresa prevê um aumento semelhante, de cerca de 30%, em 2021. E não é apenas o PayPal: os pagamentos e as mídias sociais continuam convergindo por meio do surgimento de outras plataformas, como Venmo e Zelle.

Microvídeos
A ascensão do TikTok durante a pandemia teve uma ampla cobertura. No primeiro trimestre de 2020, a plataforma teve 315 milhões de downloads – mais downloads em um trimestre do que qualquer aplicativo em toda a história. Oitenta e sete por cento dos usuários pertencentes à geração Z, porém, concordam que o Reels é muito semelhante ao TikTok. O Reels também tem 22% a mais de engajamento do que os conteúdos de vídeo comuns. O Instagram Reels não é o único formato de microvídeo que promete crescer em 2022. Veja, por exemplo, o YouTube Shorts, uma experiência de vídeo curta lançada pelo Google em 2020. O principal argumento em prol do YouTube Shorts é sua base de usuários institucional: a cada mês, 2 bilhões de espectadores visitam o YouTube. As marcas que tirarem proveito dessa tendência dos microvídeos – um formato aparentemente preferido pelos algoritmos – vencerão em 2022.

Marketing de Nanoinfluenciadores
Até o final de 2021, o marketing de influenciadores deve chegar a US$ 13,8 bilhões, mas nem todos os influenciadores influenciam igualmente. Estudos mostram que os nanoinfluenciadores, aqueles com menos de 5 mil seguidores, geram a maior taxa de engajamento, seguidos pelos microinfluenciadores, usuários com 5 mil a 20 mil seguidores. Na verdade, os usuários com mais de 1 milhão de seguidores geram a menor taxa de engajamento. É por isso que 77% dos profissionais de marketing preferem trabalhar com microinfluenciadores a trabalhar com celebridades.

Regulamento de Privacidade
Então, o que não vai crescer em 2022? O uso de cookies de terceiros. Este ano, o Google anunciou que o Chrome desativará o suporte a cookies de terceiros até 2023. A Apple lançou um pop-up nos iPhones que pede permissão aos usuários para serem rastreados por aplicativos, e o Facebook anunciou que seus engenheiros estão trabalhando em uma solução alternativa para veicular anúncios pertinentes aos usuários sem utilizar dados pessoais. Com a implementação dessas novas restrições de privacidade pelas grandes empresas de tecnologia, mais plataformas e regulamentos devem seguir o exemplo, e isso pode representar fortes limitações para os anunciantes. À medida que as plataformas, os formatos, os regulamentos e a pandemia continuem evoluindo, a adaptabilidade continuará sendo o maior trunfo das marcas, empregadores e usuários que estejam em busca de desenvolver uma estratégia digital eficaz e resiliente em 2022.

Texto: Forbes Tech

Foto: Getty Images