Os BDRs têm sido bastante discutidos nos últimos dias. Esse tipo de investimento é tido como a alternativa para quem deseja investir em ações no exterior, mas não quer ou não pode abrir conta numa corretora lá fora.

Você certamente já ouviu a recomendação de que parte de sua carteira precisa estar exposta ao dólar e, portanto, comprar BDRs de empresas como Google, Amazon, Facebook, etc, é a melhor forma de fazer isso.

Exposição ao câmbio é algo que deve ser considerado, é claro, mas investir em BDRs é uma das formas de fazê-lo, não a única e nem necessariamente a melhor.

O que é BDR?

BDR é a sigla para “Brazilian Depositary Receipts”. Trata-se de um certificado de depósito que representa a ação de uma empresa estrangeira.

Ao comprar um BDR você não está comprando a ação, mas sim um recibo que garante os mesmos direitos assegurados a quem tem as ações: o ganho de capital com a valorização do ativo e os dividendos. Porém, você não se torna sócio da empresa.

Investir em BDR vale a pena?

O que define se vale a pena ou não investir em BDR é o quanto essa estratégia atende aos seus objetivos financeiros pessoais.

De forma simplificada, podemos dizer que um BDR é uma exposição apenas parcial ao dólar, pois quando você vende ou quando recebe os dividendos, recebe os valores em reais.

Alternativamente, você pode ter exposição ao dólar em sua carteira investindo em empresas brasileiras cujo negócio está exposto ao câmbio por serem exportadoras.

Outra possibilidade é abrir uma conta no exterior e comprar ações diretamente lá fora e, aí sim, eventualmente, obter dupla proteção: ganhar com a variação do câmbio e com a valorização nominal do ativo.

BDRs estão mais acessíveis

Há pouco mais de um ano, investir em BDRs era algo disponível apenas para investidores qualificados, mas, no final de 2020 uma mudança nas regras de negociação tornou esse tipo de ativo acessível a todos os perfis de investidores.

Com a mudança, a procura pelo aumentou substancialmente e o volume médio de negociações por dia subiu de R$ 50 milhões para R$ 500 milhões. Empresas como Amazon, Apple, Google, Mercado Livre, Tesla, entre outras, tiveram grande valorização de seus papéis graças ao aumento da procura.

Recentemente, o Nubank anunciou que fará seu IPO na bolsa de valores de Nova York (NYSE). Sendo assim, os investidores brasileiros que queiram entrar no IPO aqui no Brasil através da B3 poderão fazê-lo adquirindo BDRs.

Em uma estratégia de marketing arrojada, a fintech anunciou ainda que irá distribuir BDRs grátis para os clientes elegíveis que se inscreverem no programa NuSócios.

O anúncio tem pautado o mercado e, com isso, o interesse dos investidores em entender as BDRs cresceu ainda mais.

A distribuição de BDRs gratuitos aos clientes custará ao Nubank bem menos que o valor médio que os bancos gastam para conseguir abrir uma nova conta. No mercado, estima-se um custo entre R$ 50 e R$ 100 para conseguir um novo correntista.

Distribuindo gratuitamente um BDR de pouco menos de R$ 10, o Nubank Holdings irá ampliar simultaneamente o número de contas do banco e da corretora do grupo, gastando bem pouco.

Aderir ao Programa NuSócios para obter um BDR grátis é uma decisão pessoal que você deve tomar após avaliar se a proposta faz sentido para a sua estratégia.

O importante é você ter em mente que para entrar na Bolsa de Valores com o pé direito a primeira coisa a aprender é que não se toma nenhuma decisão financeira por impulso.

Tornar-se sócio do Nubank gratuitamente parece algo grandioso, afinal, ser sócio de um banco é sempre um ótimo negócio.

Mas se eu disser: “O Nubank vai te dar R$ 10,00 para você se tornar cliente” pode até ser legal, porém, já não é algo tão glamuroso assim, não é mesmo? E, na verdade, as duas frases estão dizendo exatamente o mesmo, apenas com enquadramentos diferentes.

Quando você coloca as coisas em perspectiva, as decisões se tornam mais racionais. E racionalidade é uma qualidade fundamental para que você faça escolhas financeiras.

Texto: Forbes

Foto: Getty Images