22 mulheres foram vítimas de feminicídios em Mato Grosso do Sul apenas nos primeiros sete meses e quatro dias de 2021. Os dados, divulgados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), mostram a gravidade da violência contra a mulher no estado e motivam ações da polícia para colocar agressores na cadeia.

Nesta quinta-feira (5/8), foi deflagrada a Operação Vênus, cumprindo mandados de prisão, busca e apreensão contra suspeitos de cometer violência doméstica e familiar contra mulheres. Até a publicação desta reportagem, quatro homens já haviam sido presos. Segundo a Polícia Civil, cerca de 10 mil ocorrências de violência doméstica foram registrados neste ano em Mato Grosso do Sul.

De acordo com a delegada da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Campo Grande, Elaine Benicasa, a operação deve permanecer até o fim do mês. “Devemos ter um resultado mais apurado até lá. O Brasil é o 5° país onde mais se matam mulheres e, por isso, campanhas como esta são extremamente importantes”, afirma.

Benicasa ainda reforça a importância dos poderes se unirem para combater a violência contra mulheres. “Precisamos levar até elas os direitos e garantias que cada uma tem, como fortalecimento e encorajamento para sair de relações abusivas. É relevante também trazer toda a sociedade civil e entidades privadas nesta luta, para diminuirmos cada vez mais o índice de violência doméstica ou familiar no nosso país”, finaliza.

Com a chegada do ‘Agosto Lilás’, o Governo do Estado também faz campanhas para prestar assistência às vítimas, especialmente por meio do Protocolo Estadual de Atenção à Vítima de Violência, que visa o atendimento de mulheres vítimas de violência doméstica nas unidades de saúde e recomenda que os profissionais de saúde e gestores dos 79 municípios aliem conhecimento técnico e empatia neste auxílio às vítimas.

Segundo a administração estadual, a importância do acolhimento nas unidades de saúde é fundamental e precisa seguir um percurso terapêutico relacionado a situações de violência. “”É preciso estar atento porque há vários tipos de violações contra as mulheres e, na maioria das vezes, a violência acontece de forma silenciosa. A sociedade precisa estar em alerta e a qualquer sinal deste crime é preciso que seja denunciado”, afirmou o secretário estadual de saúde Geraldo Resende.

CASOS RECENTES

 

Pabilo, personal trainer preso suspeito de feminicídio se diz arrependido — Foto: Redes sociais

Pabilo, personal trainer preso suspeito de feminicídio se diz arrependido — Foto: Redes sociais

Preso desde quarta-feira (04), por matar a esposa, Laís de Jesus Cruz, de 29 anos, em Sonora, no norte de Mato Grosso do Sul, o personal trainer Pabilo dos Santos Trindade, de 35 anos, disse à polícia que a mulher pode ter cometido suicídio e que está arrependido de ter escondido o corpo dela.

Pabilo nega ter matado a esposa desde o primeiro momento contato com a polícia. No entanto, afirma ter mandado cavar uma fossa séptica na residência do casal e escondido o corpo dela.

O corpo de Laís só foi encontrado após a mãe dela estranhar o sumiço da filha e acionar a polícia, falando ainda que a jovem relatava violência doméstica. Policiais foram até a residência do casal e falaram com Pabilo. No primeiro momento, ele disse que a mulher havia viajado para Curitiba (PR) e que inclusive, no dia anterior, teria entrado em contato com ela por meio de uma ligação de celular.

Um buraco, recém fechado, chamou a atenção da equipe e foi neste local que foi localizado o corpo. O homem foi então preso. A perícia apontou que Laís foi morta por enforcamento, com golpe tipo ‘mata-leão’ e que tinha ferimento na cabeça compatível com uma colher de cozinha, tipo concha.

Ele passou por audiência de custódia quinta-feira (05) e teve a prisão preventiva decretada. Pabilo ainda não constituiu advogado.

Já em Chapadão do Sul, a 333 quilômetros de Campo Grande, Elisiane da Silva Alves, de 40 anos, foi encontrada morta na noite de quinta-feira (05), na vala da lavoura de uma fazenda. O marido dela, José Edílson Ramo da Silva, foi preso por feminicídio e ocultação de cadáver, mas nega o crime.

Elisiane foi encontrada morta após 4 dias desaparecida — Foto: Redes sociais

Elisiane foi encontrada morta após 4 dias desaparecida — Foto: Redes sociais

Os policiais verificaram que Edílson tinha passagens por violência doméstica contra ex-companheiras e havia relatos também de agressividade com Elisiane. Eles estranharam ainda o fato dele não ter comunicado o desaparecimento da esposa.

A polícia ouviu algumas pessoas para tentar localizar Elisiane, entre elas a irmã do mecânico. Essa contou que no dia 4, o irmão a havia procurado e “transtornado” disse que havia feito algo errado. “Mas não vou me entregar”, complementou.

Os policiais encontraram Edílson no momento em que ele saía da casa de um amigo, porém, ele correu, desobedeceu ordens de parada e tentou se esconder no imóvel. No entanto, foi levado para a delegacia de Polícia Civil e lá contou que estava bebendo com a esposa na casa do patrão, mas ela foi embora e não foi mais vista.

Questionado sobre não ter avisado a polícia do sumiço de Elisiane, disse que não fez porque a amiga já havia feito. Ele foi liberado, porém, fez ameaças à irmã e disse que “tinha culpa no que aconteceu”. A defesa de José Edilson não quis se pronunciar sobre o caso.

Fonte: Por Osvaldo Nóbrega e João Pedro Godoy, G1MS e TV Morena