Campanha de vacinação – Na distribuição mais recente de vacinas contra a covid-19, Mato Grosso do Sul não destinou imunizantes a 51 municípios do Estado para aplicação da primeira dose, sob justificativa de que esses lugares já vacinaram toda suas populações adultas. Além de Campo Grande, Dourados tem 17,5 mil habitantes que não receberam dose.
Na sequência, aparece Três Lagoas, com 9.090 habitantes, além de Paranaíba, com 7 mil pessoas. Todas as cidades, segundo levantado pela SES (Secretaria Estadual de Saúde).
Em meados de junho, quando a principal preocupação era dar continuidade ao ciclo vacinal com a segunda dose, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) informou que havia implementado sistema de envio de mensagens, por meio do WhatsApp, para convocar as pessoas que estivessem com a carteirinha em atraso.
Vale destacar que pode haver pessoas que dividem residência com outros municípios e podem ter se vacinados em outros locais, do próprio Estado, ao invés de estarem registrados pela prefeitura de Campo Grande, que teria então cerca de 4% de sua população vacinável sem nenhuma dose.
Por meio de nota, a pasta também ressalta que está acima da meta estipulada pelo Ministério da Saúde, de uma cobertura vacinal de 90% da população vacinável. A prefeitura também cita relatório divulgado recentemente pela Opas (Organização Pan-americana de Saúde), que coloca Campo Grande com a maior cobertura vacinal do País, já que imunizou mais de 52% da população adulta com duas doses.
Além disso, mais recentemente, foi gerada desconfiança em relação ao público mais jovem quanto a adesão da vacinação. Apesar disso, por se tratar do grupo com mais pessoas em toda cidade, eles já conseguiram se vacinar pelo menos 60% desse grupo. Nesse caso, a prefeitura também fez uma série de ações específicas para incentivar a vacinação.
No entanto, há relatos encaminhados ao Campo Grande News que tratam de pessoas mais velhas – priorizadas no início da vacinação e que registraram queda nos óbitos pela doença – que recusaram imunizante. “Minha sogra, de 70 anos, se recusou a tomar vacina”, diz uma jornalista, de 31 anos. “Todos os idosos da família tomaram a vacina, até os negacionistas. Ela ficou três meses negando à se vacinar, até fugiu da agente de saúde que foi visitá-la”, conta.
Segundo ela, a sogra recusou vacina por conta do esposo, que teve diarreia cerca de três dias após se vacinar. “Mesmo nós buscando profissionais da saúde para falar com ela e convencê-la de que não foi a vacina que causou esse problema. Nada a convencia, e reproduzia tudo o que ela via nas correntes de WhatsApp para justificar sua decisão”.
A imunologista e professora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Inês Tozetti, ressalta a importância da vacinação contra a covid-19, sobretudo para a imunidade coletiva, cuja redução de casos mais graves foi comprovada. “Com o aumento da cobertura vacinal, e a aplicação de forma mais rápida, mais pessoas estarão protegidas e o vírus circulará menos, teremos então menos casos de infecção.
Uma estudante, de 20 anos, relata que o irmão, de 25, não tomou vacina por acreditar em uma teoria da conspiração em relação a Pfizer. “Ele acredita que vai modificar aqueles que tomaram ela. Quando é sobre a Coronavac é a mesma justificativa de muitas outras pessoas, não confia no efeito”.
No caso da Pfizer, a vacina foi testada em 43,5 mil pessoas de seis países e, em setembro, a Anvisa autorizou que seus testes clínicos fossem ampliados no Brasil, de mil para dois mil exames em voluntários. Segundo a fabricantes, nenhum problema de segurança na vacina foi levantado desde então.
Segundo a imunologista Inês Tozetti, a recusa pela vacina não deve ter como critério a eficácia de um imunizante, já que todos foram tiveram aval da Anvisa, vinculada ao governo federal, por oferecerem uma proteção mínima e não fazerem mal – no caso da Coronavac, o experimento realizado em Serrana (SP) indica a eficácia desse imunizante para conter a pandemia, quando aplicado em larga escala e em pouco tempo. A eficácia de uma vacina é medida em estudo e não é vida real, as pessoas que se voluntariam para o estudo são saudáveis e nem sempre representam numerosamente todas as faixas etárias”, explica Tozetti.
Eles são de Campo Grande e a estudante ressalta que o irmão está avaliando ir até outro município do interior para se vacinar com a Janssen. Para ela, essa recusa e escolha pela “vacina ideal” afeta tanto a saúde do familiar, quanto de outras pessoas ao redor.”Me sinto bastante insegura, tanto por ele, quanto pelos meus pais, e pela minha vó, que passou um ano sem nos ver e agora que voltou a nos encontrar”, finaliza.
Fonte: Campo Grande News – matéria editada às 10h22 para acréscimo de informações