O médico brasileiro Leonardo Riella liderou um avanço revolucionário na medicina, com o primeiro transplante de rim de porco para um paciente humano vivo. A inédita cirurgia foi realizada no Massachusetts General Hospital, em Boston, nos Estados Unidos, onde Riella trabalha. O anúncio do feito extraordinário foi feito recentemente.
Este é o primeiro transplante desse tipo feito em um paciente vivo, diferenciando-se de uma pesquisa anterior realizada em 2021, que envolveu uma pessoa com morte cerebral. A cirurgia marca um avanço significativo na medicina, oferecendo esperança para milhares de pessoas que aguardam por um transplante de rim. A equipe médica relatou que o paciente está se recuperando bem.
A pesquisa para este tipo de transplante, conhecido como xenotransplante, estava em andamento há cinco anos, realizada em colaboração entre o hospital e a empresa eGenesis. O transplante de órgãos de porcos para humanos tem sido estudado há décadas devido à semelhança entre os órgãos dos animais e dos humanos. O maior desafio foi superar a resposta do sistema imunológico, que poderia rejeitar o tecido estranho, um obstáculo que foi abordado ao longo da pesquisa.
O paciente escolhido para o transplante foi Richard “Rick” Slayman, 62 anos, que sofria de doença renal em estágio avançado e dependia de diálise há sete anos. Ele anteriormente havia recebido um transplante de rim de outra pessoa, mas o órgão falhou e ele voltou à diálise. A pesquisa visa oferecer uma alternativa aos pacientes que necessitam de tratamento além da hemodiálise.
Após a aprovação da técnica pelo FDA, os médicos realizaram a cirurgia, que durou cerca de três horas. O paciente está internado em Boston e, até agora, não houve complicações significativas, com expectativa de alta nos próximos dias.
O procedimento marca um marco na história da medicina, ocorrendo 70 anos após o primeiro transplante renal e seis décadas após a introdução dos medicamentos imunossupressores. Riella acredita que isso representa um avanço monumental no campo dos transplantes e oferece esperança para os mais de 1.400 pacientes em lista de espera apenas no Massachusetts General Hospital. A possibilidade de transplante de rim de porco é particularmente relevante para pacientes negros, que têm maior propensão a doenças renais graves.
A espera por um rim é a maioria na fila de transplantes no Brasil, onde 39 mil pessoas aguardam por esse órgão. A introdução dessa nova forma de transplante pode potencialmente transformar a vida dessas pessoas, oferecendo uma alternativa promissora para o tratamento da insuficiência renal.
