Neste domingo (22/8), é comemorado o Dia Nacional do Folclore. De maneira geral, quando pensamos na data logo somos remetidos a lendas e mitos, como o Saci-Pererê ou Boto Cor-de-Rosa.

Os personagens fazem sim, parte do folclore nacional, mas o que poucas pessoas sabem é que Mato Grosso do Sul também tem seus próprios personagens lendários, além de diversas manifestações folclóricas características.

Os dicionários definem folclore como um conjunto de costumes, lendas, provérbios, manifestações artísticas em geral, populares de uma região e preservada por um povo por meio da tradição.

A arte educadora e folclorista Marlei Sigrist afirma, em seu livro “Chão Batido”, que, apesar de fazer parte da cultura, o folclore não deve ser confundido com a cultura de massa ou cultura indígena, sendo o folclore caracterizado pelas tradições de um povo passadas através de gerações.

O folclore no Estado sofreu influências de costumes dos estados vizinhos, comunidades indígenas e dos países de fronteira Paraguai e Bolívia, que se fundiram criando cultura de características tradicionais de MS.

Pesquisadora do folclore sul-mato-grossense por mais de 15 anos, Marlei elenca as principais manifestações populares de Mato Grosso do Sul, destacando as danças folclóricas, além dos seres sobrenaturais e suas histórias que são contadas de geração para geração.

Também fazem parte do folclore sul-mato-grossense as festas tradicionais e religiosas, como o Banho de São João em Corumba, Festa do Divino e do Peixe em Coxim e festa de São Benedito e Bon Odori em Campo Grande.

Mitos

Conforme Marlei, o Pé de Garrafa é um dos mitos mais conhecidos do Estado. Segundo a crendice, ele é um bicho-homem que tem apenas um pé no formato de um fundo de garrafa, que o faz se locomover aos pulos, deixando no chão um rastro com a marca do fundo de garrafa.

Para comunicar que é dono do território, o bicho-homem solta fortes assovios que pode hipnotizar quem o encarar. A vítima é então levada para sua caverna, onde é devorada. O Come-língua é um mito da região do Bolsão que se apresenta na forma de um menino-bicho que arranca a língua de animais.

Conta a lenda que quando vivo, o menino era mentiroso e sua mãe lhe rogou uma praga antes de morrer. Tempos depois, ele foi encontrado morto e sem a língua. Diz a história que um fazendeiro da região encontrou o gado morto e o menino correndo com a língua do rebanho nas mãos.

Negro D’água também é um mito da região do Bolsão apresentado como um bicho-homem peludo que vive nos rios assustando os pescadores e afundando as embarcações.

No Pantanal da Nhecolândia, há ainda os mitos do Donos dos Porcos, entidade que protege os animais e castiga os que os matam sem necessidade; Anta Sobrenatural, animal com atritutos sobrenaturais que ora ajuda o homem a realizar proezas difíceis e ora causa o desaparecimento de pessoas e o Mãozão ou Pai-do-Mato, descrito como bicho peludo que causa loucura nos que passam a mão em sua cabeça.

Danças folclóricas

De acordo com a folclorista, em relação às danças folclóricas o Estado é dividido em três regiões, sendo a região do Bolsão, Pantanal e de Fronteira.

O Bolsão tem as bases culturais influenciadas pelos paulistas, mineiros e goianos, já o Pantanal tem as características da cultura pantaneira e a Fronteira tem forte influência da cultura paraguaia.

Entre as principais danças folclóricas de Mato Grosso do Sul estão:

  • Catira, que é dançada só por homens ao som da moda de viola com “recortados”, quando os participantes intercalam palmas e sapateado;
  • Sarandi, que é uma dança de roda onde os pares dão voltas inteiras e meias-voltas trocando os pares;
  • Cururu, também praticado apenas por homens, começou como dança mas atualmente é caracterizado como uma brincadeira com passos executados pelos violeiros, como flexões, a fim de proporcionar animação;
  • Siriri, dança onde os pares fazem movimentos de fileiras, rodas e túneis, ao som de palmas e toadas.

Outra grande manifestação folclórica do estado é o Toro Candil, que não é caracterizado nem como dança, nem folguedo, mas como uma brincadeira onde é construído uma carcaça de boi usando a ossatura natural da cabeça com tochas acesas acopladas nos chifres, onde os participantes mas cardos brincam entre si, falando em guarani.

A chegada do Toro é o ponto alto da festa.

Dia do Folclore

O Dia do Folclore é celebrado internacionalmente no dia 22 de agosto. A data foi escolhida porque foi nesse dia, em 1846, que a palavra “folcklore” (em inglês) foi inventada pelo escritor inglês William John Thoms.

O termo é uma junção da palavra “folk” (povo, popular) com “lore” (cultura, saber) para definir os fenômenos culturais típicos das culturas populares tradicionais de cada nação.

O significado da palavra, segundo seu criador, era “saber tradicional de um povo”.

No Brasil, o Dia do Folclore foi oficializado em 17 de agosto de 1965 por meio do Decreto nº 56.747, assinado pelo então presidente militar Humberto de Alencar Castello Branco e pelo Ministro da Educação, Flávio Suplicy de Lacerda.

O objetivo da data é incentivar estudos para preservar o acervo do folclore brasileiro.

Fonte: Correio do Estado