Os primeiros presos a cumprirem pena na nova unidade Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira II, inaugurada na quinta-feira (19/8), serão aqueles com problemas com facções.

Conforme o Diretor-Presidente da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul (Agepen/MS), Aud de Oliveira Chaves, haverá uma triagem para realocação dos detentos isolados em outras penitenciárias de Campo Grande para o novo presídio.  “A intenção é que esse presídio seja usado para presos processados do sistema penitenciário da Capital, com posterior transferência de detentos condenados. Com essa inauguração, além de contribuir com a superlotação, esta unidade vai ter uma melhor separação, seja para casos de Covid-19 ou faccionados”, relatou Chaves.

A solenidade contou com a presença do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres e do Governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Torres salientou que a nova unidade da Gameleira faz parte dos esforços de estruturação da segurança pública em todos os níveis do país.  “Temos uma visão muito apurada desta questão penitenciária no Brasil. Entendemos que uma grande saída do problema com a segurança pública brasileira é o sistema penitenciário, é enfrentamos o desafio da ressocialização de uma maneira efetiva para as mais de 500 mil pessoas que se encontram encarceradas no país”, destacou o Ministro.

Para Torres, a ressocialização é um problema nacional que precisa ser enfrentado com novas políticas públicas e parcerias. “A inauguração desta unidade já é um exemplo disso, de trabalho em conjunto entre o Estado e o governo federal. Precisamos dar futuro a essas pessoas, independente do que cada um pense”, afirmou.

Segundo Azambuja, a inauguração da nova unidade prisional da Gameleira, do Centro Integrado de Inteligência de Segurança Pública Regional (CIISPR-CO) e do Centro Integrado de Comando e Controle Estadual (CICC-R) trará ao Estado, um avanço no combate às grandes facções do crime organizado. “Este é o segundo presídio que entregamos e temos mais um em construção. São mais 908 vagas em ampliação em sete presídios existentes, além de equipamentos, scanners e trabalho de ressocialização”, disse o Governador.

Esses projetos de ampliação de vagas envolvem seis unidades penais: os presídios masculinos de Dois Irmãos do Buriti, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Três Lagoas e o Presídio de Trânsito de Campo Grande.

Estrutura

A obra na nova unidade Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira II teve um investimento de R$ 18,5 milhões, sendo R$ 15 milhões em recursos federais.

O presídio que possui 6.982 m²1, 603 vagas e 101 celas sendo 78 coletivas, 12 disciplinares e 11 de saúde, além de paredes reforçadas em concreto usinado com 15cm de espessura, dificultando fugas, escavações e captação de sinal de celular.

Todo o complexo está dividido em três pavilhões e com quatro torres de comando. “As vagas serão ocupadas ali de forma gradativa, e vamos deixar uma cota de 10% de vagas sem ocupação para que não cheguemos logo a ocupação máxima e assim, caso necessário, tenhamos uma margem de manejamento mais à frente”, afirmou o Diretor-Presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves.

O local também conta com módulo de saúde, educação, trabalho, salas de atendimento de advogados, biblioteca, setores administrativos, de assistência psicossocial e áreas de visita, entre outros espaços.

Fronteira

Conforme o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, Mato Grosso do Sul é um estado estratégico para a garantia da segurança nacional. “Estamos fazendo um investimento pesado na fronteira para a repressão ao crime”, afirmou. O Ministro pontuou ainda, que apenas com a união de esforços a criminalidade será resolvida no país. “Nos preocupamos em trazer novos efetivos às polícias federais e rodoviárias federais, em todas as novas turmas de militares são mandados reforços para Mato Grosso do Sul, além de viaturas e equipamentos”, disse Torres.

Para o Governador Reinaldo Azambuja, o governo federal tem tido um olhar para os estados de fronteira. “As decisões que eles têm tomado são assertivas na destinação de recursos às quais podemos fortalecer as estruturas estaduais com recursos do fundo nacional”, destacou Azambuja.

O Governador destacou ainda que as maiores apreensões de drogas acontecem em Mato Grosso do Sul. “Nós somos de longe o que mais apreende drogas de todos os estados brasileiros, fruto do bom trabalho das nossas polícias, da nossa parceria com as forças nacionais de segurança e com a questão de localização de Mato Grosso do Sul, fronteira com a Bolívia e com o Paraguai. Este ano já estamos com 15% a mais de apreensões do que no ano passado e isso acaba comprimindo o sistema prisional. A gente apreende muito e muitos são presos”, disse o Governador.

Somente neste ano, as forças policiais de Mato Grosso do Sul já apreenderam mais de 507 toneladas de drogas.

Centro de Inteligência

O CIISPR-CO faz parte da estratégia do Ministério que tem como finalidade, fortalecer o combate ao crime organizado e à criminalidade violenta. Neste projeto, foram investidos R$2 milhões na aquisição de equipamentos tecnológicos para a estruturação.

O objetivo é promover a integração à atividade de inteligência e dar agilidade no fluxo de informações entre as agências de inteligência nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal.

Uma das atividades que poderá ser realizada a partir desta ação, é a coleta de informações sobre integrantes de organizações criminosas e subsidiar a elaboração de estratégias preventivas de combate ao tráfico de armas, drogas e redução de violência criminosa.

Além da região Centro Oeste, serão contempladas também a região Nordeste (CIISPR-NE), região Sul (CIISPR-SUL) e a região Norte (CIISPR-N), os quais juntos, já realizaram mais de 10 mil análises de documentos da inteligência.

Comando e Controle

Mato Grosso do Sul passará a contar também com um Centro Integrado de Comando e Controle Estadual que dará suporte ao policiamento preventivo, combate ao crime organizado e tráfico de drogas. Além de integrar agentes de segurança pública e defesa social para fortalecer o monitoramento nas fronteiras.

Do local será possível comandar operações em todos os municípios do Estado, bem como integrar Mato Grosso do Sul com as operações de nível nacional no Centro Integrado de Comando e Controle Nacional (CICCN), em Brasília (DF).

Fonte: Correio do Estado

Foto: Nova Unidade da Gameleira terá 101 celas, com 603 vagas – Marcelo Vítor/Correio do Estado