Em Ladário (MS), o Rio Paraguai baixou cerca de 20 centímetros na última semana, uma redução diária de aproximadamente 2 cm, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM). Para os especialistas, as estações pluviométricas nas cidades pantaneiras de Mato Grosso do Sul são termômetros da situação de seca, que já caracterizam um cenário de alerta.
Nesta quarta-feira (4), o nível do rio estava em 84 cm, longe dos 4,15 metros que seria o esperado para esta época do ano, em Ladário (MS). Para agosto, o prognóstico do SGB-CPRM é de intensificação na descida dos níveis de água no Rio Paraguai.
A cheia habitual que banha o Pantanal não é vista há pelo menos três anos consecutivos, de acordo com a Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA).
Os dados do SGB-CPRM apontam que não é apenas em Mato Grosso do Sul que são registradas baixas de níveis. O Rio Paraguai, em Cáceres (MT), já enfrenta a pior seca de toda série histórica, que data de 1967. Em Porto Murtinho (MS), o nível está entre as 10% piores da série histórica, que data de 1937. Em Ladário já é a quinta pior vazante desde 1901.
O pesquisador do SGB-CPRM Marcus Suassuna afirma que os meses de julho e agosto apresentam um avanço mais rápido do processo de vazante, principalmente na calha principal do rio Paraguai.
Nos municípios de Ladário e Porto Murtinho (MS), o nível do rio subiu consideravelmente em janeiro de 2021, mês em que as chuvas ficaram mais próximas do normal. Mas foi o único mês em que isso aconteceu, o rio voltou a receber chuvas abaixo da média e a recuperação foi lenta.
Futuro sem otimismo
Em julho deste ano, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), por meio da Superintendência Regional em Mato Grosso do Sul, iniciou o serviço de dragagem na Hidrovia do Rio Paraguai, no trecho entre os municípios de Cáceres (MT), e Corumbá (MS).
Para o departamento, a ação tem como objetivo garantir nível de serviço adequado às atuais demandas de transporte do rio, proporcionando melhores condições de navegabilidade e segurança.
Os prognósticos para o nível do Rio Paraguai não são otimistas, conforme os números do SGB-CPRM. Na estação de Ladário, a bacia deve atingir a mínima de -44 cm, em outubro. O pesquisador Marcus Suassuna afirma que as previsões para o comportamento futuro do rio são feitas em comparação com a série histórica. “Normalmente, quanto mais baixo o nível do rio em junho, mais cedo deve começar a estação chuvosa. Com qualquer chuva que caía sobre a bacia, o rio teria uma resposta mais rápida”, explica Suassuna.
E a chuva?
Com a estiagem de 2020, o nível do rio Paraguai, no Pantanal caiu e vários bancos de areia apareceram no leito. — Foto: TV Morena/Reprodução
Segundo os meteorologistas do Climatempo, a região Centro-Oeste deve sofrer com mais duas frentes frias ainda em agosto. A chuva associada a esse evento climático vai se estender por áreas onde já não é comum chover em agosto, mas não há expectativa de eventos extremos de chuva. O frio deve durar entre 5 e 7 dias.
Os especialistas ainda preveem a passagem do fenômeno La Niña pelo Brasil durante a primavera. O evento provoca o resfriamento do oceano Pacífico Equatorial Central e deve prejudicar as chuvas no centro-sul do país. “Independentemente do cenário de chuvas, vamos continuar com o problema de seca”, finaliza o meteorologista Marcelo Seluchi.
Fonte: Por José Câmara, G1 MS