Mais duas adolescentes foram até a delegacia em Três Lagoas, na região leste do estado, para denunciar crimes sexuais cometidos pelos próprios familiares. Segundo a delegada Nelly Gomes, responsável pelas investigações, o número de vítimas saltou de 10 para 12. Avó de 77 anos e os outros suspeitos, sendo dois filhos e dois netos dela, com as idades de 26, 27, 38 e 51 anos, permanecem presos.

“Nós fizemos o interrogatórios com todos os envolvidos, que foram presos por mandado de prisão preventiva. Esses depoimentos revelam muitos detalhes para o inquérito e, por enquanto, não vamos divulgar para não atrapalhar as investigações. É um caso bem complexo, chocante até para nós policiais”, afirmou ao G1 a delegada.

Conforme Nelly, no lote ficaram apenas as mulheres e crianças, sendo que os responsáveis permanecem presos. “Essas pessoas ficaram residindo no local e nós vamos continuar a fazer o acompanhamento, além do Conselho Tutelar e a assistência social. Os responsáveis pelos crimes estão fora de circulação, enquanto as vítimas continuarão sendo atendidas pela polícia e os outros órgãos”, disse.

O próximo passo da investigação, segundo a delegada, é fazer o depoimento especial, com a ajuda de uma psicóloga, com as novas vítimas. Atualmente elas são adolescentes, porém, quando os abusos ocorreram, eram crianças. As outras dez vítimas possuem idades entre 5 e 13 anos. “Nós registramos o boletim de ocorrência destas novas vítimas e agora deve ocorrer a escuta especial. Elas já entraram na adolescência, mas, foram abusadas na infância e se encorajaram a falar. Ainda estamos fazendo um levantamento e pode ser que tenham novas vítimas. Além disso, pretendemos encerrar o inquérito até a próxima semana”, alegou Gomes.

 

Polícia usa drone e mostra que envolvidos estavam no mesmo núcleo familiar e moravam perto

Avó dizia que vítimas “eram culpadas”

As vítimas que já prestaram depoimento, na Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) do município, disseram que a avó impedia que os fatos chegassem ao conhecimento da polícia, ressaltando que elas é quem “eram culpadas” e, se denunciassem os crimes, iriam “acabar com a família”.

“Foram as vítimas quem relataram nos depoimentos que a avó dizia que a família seria desfeita, que a família iria sofrer e ela não queria isso, então, as culpava pelos abusos. Ela teve a prisão temporária de 30 dias decretada e hoje nós vamos começar os interrogatórios com ela e os outros presos. Nós demos esse prazo e todos eles tomaram ciência dos fatos ontem, na data da prisão, e estão com os seus advogados”, afirmou na ocasião a delegada.

Segundo a Polícia Civil, as vítimas eram parentes dos suspeitos. Os crimes estariam sendo cometidos no decorrer dos últimos 20 anos. A delegada, que coordenou uma operação Sodoma e Gomorra, envolvendo três unidades da Polícia Civil para prender os suspeitos, sendo a DAM, Serviço de Investigações Gerais – SIG e 2ª Delegacia de Polícia, diz que as investigações começaram há 3 meses.

No dia 19 de agosto a polícia deflagrou a operação e quatro pessoas foram presas. A polícia chegou a usar um drone para monitorar a casa onde a família vivia. “Com as imagens é possível perceber a sistemática familiar. Todos os parentes moravam juntos. O convívio era muito próximo. Os suspeitos são tios, primos e irmãos das vítimas. Existem também casos de incesto. É algo bem pesado”, analisou.

Investigação ocorre há cerca de 3 meses em delegacia de MS e cinco pessoas foram presas até o momento — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Investigação ocorre há cerca de 3 meses em delegacia de MS e cinco pessoas foram presas até o momento — Foto: Polícia Civil/Divulgação